quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

domingo, 6 de novembro de 2016

Anunciação

Se envolver pode ser uma tarefa muito complicada, mesmo sendo tão fácil realiza-la. Deixar o outro te tocar na alma, te ver nua, desprotegida, com todas as bizarrices e feridas.
Se envolver é permitir - e ser permitido - adentrar em outro corpo... de um ser tão estranho, tão diferente e ao mesmo tempo tão doce e amável; sentir as suas dores, seus anseios, alegrias e belezas.

Se envolver é se sentir responsável pelo outro. Entregar-se sem medo ao desconhecido, aos beijos ardentes, aos dedos quentes.. deixar a sua pele tremer. É contorcer, arrepiar, gemer pelo simples toque dos lábios no pescoço. Se envolver é enfrentar as inseguranças de mãos dadas. É cair no abismo
Aceitar o pedido. e permitir-se amar, mais um vez.


[ana carolina~~~]

sábado, 6 de agosto de 2016

Janaina.

Oceano profundo, intenso, turvo e revolto. Oceano que carrega os navios em suas correntezas, mas que em suas sutilizas coleciona amantes. Reflete a lua, e brilha a luz solar. Ele sou eu e eu sou ele. Tempestiva, silenciosa, funda, salgada. Carregada de lagrimas, conchas e mistérios.
Ele vira mar, beija o solo, afaga os grãos de areia. Chega e toca os pés, junto com a brisa, maresia, pequenos beijos sobre o corpo daqueles que o contemplam,e permitem se tocar. 
Da costa, se vê o horizonte flertando com as nuvens, tocando o céu, instalando o infinito. Eu sou o quinto elemento, tocada em todos os meus sentidos, íntimos e descobertos. 
Misturo meus sentimentos em letras, e confundo a realidade me afogando no mar. E eu ainda não sei amar, ou amo sem saber nadar, e me afogo. Me jogo do penhasco, tenho certeza que o oceano, sem fim nem começo, me salvará. 

[ana carolina~]



segunda-feira, 18 de julho de 2016

De mais ninguém

Contraditoriamente eu não quero te perder
- mas eu já o perdi -
Na verdade você nunca foi meu
- ou de alguem -
Então eu nada perdi.

Mas contraditoriamente
a dor da perda continua aqui
E você diz que é meu
mesmo sendo de outra(s)
- ou de ninguém.

[ana carolina~~~]



terça-feira, 21 de junho de 2016

Solidão

De tão mole
o meu coração foi para o ralo,
do ralo pro esgoto.

Ele não sabe nadar.

[ana carolina/~ 2013]

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Mar do Norte

Quando sentada olhando para o mar... eu lembrei das formas dos seu rosto, do desenho dos seus olhos, da textura da sua boca. Focada no horizonte eu senti o amor de suas palavras, do gosto da cerveja, daqueles pequenos detalhes que, na verdade, dizem tudo o que nunca um "eu te amo" poderia transmitir. Deitada sobre a areia, me senti acolhida e protegida, como quando me fazia promessas, ou quando segurava a minha mão... eu tinha a certeza que nada iria nos separar. Não existiria tempo, não existiria rotina, não existiria... ou existiu. Com o bater das ondas no meu corpo, eu sinto o seu cheiro, o seu beijo, o seu carinho, o nosso amor ardido, forte, intenso, voraz... o amor dos dias chuvosos (como o de hoje), o amor que nos aquecia no frio e nos fazia primavera.
Outro dia eu te olhei de longe, lembrei dos nossos votos.. tão eternos quanto o prazer do gozar. Entro na tua casa e vejo o meu rosto. Olho nos seus olhos, vejo o meu rosto...  Mas a vida são escolhas, existe sempre o momento da escolha... e quando nao escolhemos... o outro escolhe pela gente.
A gente não ri mais. E eu ainda sinto o gosto da saudade.

[ana carolina ~~~ as pequenas doses de mentiras diárias]

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Amor Marginal

Na divisão sócio espacial do amor
eu me encontro a margem
- a margem de -
alguém.

Somos passarinhos
e não voamos.

[ana carolina cantuaria]

segunda-feira, 7 de março de 2016

Dos amores de uma nova década

Não sei o momento exato que a bala saiu do revolver e atingiu nossos corações. Não sei quem caiu primeiro e se alguém, em algum momento, pediu socorro... Talvez você tenha pedido, mas eu no meu mundo, não ouvi.
 Eu sei que a bala em mim entrava lentamente, e deixava um rastro que eu não conseguia superar. Eu morria aos poucos...
Talvez o que nos matou foi uma corda no nosso pescoço ( igual a que eu usava no jogo do poderoso chefão), não permitindo a saudade e a intimidade individual. Uma corda que segura os dois, ao mesmo tempo, e nos pendurava. Eu sei, você sussurrou no meu ouvido várias vezes essa letra... mas fazer o que? "Muito ego, pouco eco". Eu sou sensível, você sabe? E tem palavras que me machucam mais que a corda que lentamente retirava o meu ar....
Mas sentada aqui, no meu castelo desmoronado, junto com os cacos das ilusões e do futuro um dia planejado... eu ainda não sei o que fazer com as marcas das feridas que se encontram no meu ser, na minha pele e na minha alma.

Meu coração chora e segue em frente, com aquela dor charmosa que transforma os dias em um filme francês, daqueles que eu gosto (e você nunca procurou saber.)

O amor tudo suporta, mas nada supera. Com a realidade não se tem perdão!

[ana carolina ~~~]