quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Carta para Amy. (caminhos do destino)

Hoje, depois de alguns dias, falei com uma amiga muito amada. Há dias sinto a sua falta de forma latente, e mesmo racionalmente entender os caminhos que a vida nos destinou... emocionalmente eu não consigo. Vejo o seu jeito marcante nos gestos de uma outra mulher, que tem da sua mesma potência, mas ainda te falta o que te faz marcante. Espiritualmente, talvez, algo me diga que estamos sempre em conexão, profunda e eterna, e isso, que pode ser a minha mente me auto confortando, me faz compreender esses tais desígnios da vida.

Tenho muito pensado em mim e na sociedade, de como ela tritura nossos sonhos, como uma máquina de moer carne. De como ela retira a nossa pele com o corte de classe, tão afiado, que não deixa imune a ninguém. Nem ao negro mais estudioso, ou aquele que é confundido com um bandido na loja de marca. Tenho refletido sobre as minhas frustrações, deixando despidos os meus medos e certezas, e por muitas vezes no relento, com frio. Viver de "mentiras sinceras" é impossível por muito tempo. E a verdade dói, e te deixa envergonhada, mesmo libertadora.

Estranho que... bom, essa carta que escrevo é pra você. E eu fico revoltada por vezes achando que você não quer saber de mim, ou alguém a impede, mas todos possuem a escolha. e é você! Se tornou hostil a mim, e ao meu mundo, só pode! Alimenta uma rotina que me exclui!
Ou eu me excluo da sua rotina, porque eu, porque da caminhada, porque dos meus afazeres...  Ai a revolta sai e a culpa entra em cena. Eu sei que falho, e como! Eu sei, eu sei, eu sei. eu sei.

Eu sei, isso é só a vida. Cada um na sua rotina e batalha. É isso, é racional. São as escolhas que cada uma faz, os compromissos que assumimos. Sim, é racional.
Mas você não vai ouvir o que está nessa carta pela minha voz. A partir do meu gestual, da minha manha. da minha sofrência. Talvez, um dia você até a leia. e ta tudo bem, mesmo não estando.

Há quinze dias eu sai com uma mulher muito parecida com você... e com os olhos fechados e mão levantada ela cantava. Muita saudades de você. Que possamos nos autocuidar nos nossos passos, e que nossos corações continuem conectados no amor. Eu sigo no meu processo constante de cura, de aceitação e de luta. Espero que você siga bem, tranquila.

Amo você. e eu entendo. Já não acho pra você a nossa amizade não é importante.
Porque ela é, e sempre será.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

6 meses.

Descobrir as certas sutilezas diárias, em seus hábitos escondidos, desabrocharem como um botão de uma rosa, que você rega, que você cuida, e que de repente floresce. Cortar as cebolas ao som do celular, tomando um copo de cerveja e tragando o silêncio de estar sozinha. Tomar um chá quente no final de um dia corrido e escrever as suas obrigações ao som dos prazos, que não são seus aliados, mas te dão o norte. Fumar as ervas divinas, tão finas, misturadas com as toxinas que só um produto ilegal pode oferecer; deitar e amar. Amor camarada. Amor que sai das cobertas e se alonga na frente do espelho. Amor que desce as escadas e faz o café, volta para o quarto, e rega as plantas filhas de um quarto bem amado. Amor que se descobre nas noites, aflita, agitada, agoniada. Amor que tem dúvidas, que se cobra, que se permite, que ultrapassa dentro dos seus próprios limites. Impostos. Sem democracia, com muita história, daqueles que deram o sangue, o sêmen, o ventre, a vida. 

Descobrir individualidades na trajetória coletiva. De ser, poder e desejar você. Desejo selvagem. Desejo, do novo, do aprender, de iluminar o desconhecido. Desejo de desenhar a noite, vendo o molde na internet. Desejo de se tocar e sentir arrepios. Desejos de intensidade transformadora. Desejos que provocam fotofobia pra quem vê sem os olhos certos. Desejos que só se realizam plenamente no coletivo, no caminho de volta, sem volta, para dentro de si. O individual também é o outro e pro outro ele volta expandido como a aquarela no papel.

Descobrir que o dia quando amanhece ainda é noite. E que na noite podemos ser dia, e sonhar. E eu amor-desejo-sonho a todo instante. Mas aprendo a todos os dias uma forma diferente. A cada década uma grande descoberta. A cada fase um pouco mais profundo chega a minha mão ao centro da terra. E nos mergulhos, que há muito eu não dou, eu sinto a mesma alegria adolescente de ouvir um artista novo, de um estilo ousado. Nas tempestades que caem em alguns dos dias, eu me molho com o mesmo sorriso da infância, curiosa, aprendendo a ler. Nos vendavais que cercam a minha vida, envergo, quebro e me colo, andando saltitante por ai.

Descobrir que a maturidade, mesmo parida, segue desnuda esperando se alimentar.

"Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.". (Fernando Pessoa)

[ana carolina~~]

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mar em ebulição

Enquanto a cafeteira passa o café eu gostaria de te falar umas coisas, confessar o que reside nas profundezas do meu mar quente.

São muitos os sentimentos que residem em mim, que realizam os ciclos de acordo com a lua, mas diferente da natureza, tenho um quinto prisma gravitacional que converge todos os rios que me habitam. Em tempos de turbulência, as vezes os astros se alinham de forma esquisita, nê? o meu planeta terra, essa casca negra linda sedosa, dourada no verão, começa a dar umas tremidinhas, o meu mar fica de ressaca, revolto, doido para levar alguém pro seu fundo, ao mesmo tempo que não consegue ficar comportado dentro dos seus limites, e eu choro.... como quem transborda a água em um copo.

Um minuto de pausa. Pronto. Voltei com meu café em uma xícara.

Atualmente os planetas andam se alinhando de forma adversa, confusa e caótica, a minha terra ta de cabeça pra baixo e o meu mar entrou em ebulição. Todos os meus rios juntos como um milkshake de morango desembocando na ressaca, que já transbordou. Nesse cenário, o barquinho que dentro desse meu sistema complexo, de planetas, rios, mares, sorvetes, luas e prismas, veleja com bravura e coragem, como quem pode brigar com os moinhos.  Hoje meu barquinho ta perdido, mesmo não derretendo as altas temperaturas. Ta desgovernado, mesmo se mantendo a esquerda. Ta enlouquecido, porque tem dias que é sol, churrasco e lazer, e tem dias que os monstros marinhos tentam o afundar.

Mas o que ninguém sabe, e é esse o segredo, é que o meu barquinho tem uma raiz! Que se move, é claro! mas que figuradamente esta fincada no chão, na força. Como uma flor de lótus,  ou uma vitória régia, que não é tão chique, mas cumpre a mesma função figurativa.

Agora, calma. Respira, porque vai ficar romântico.

Nessa confusão toda de terra Carolina, que é um mar, que está pelando e queimando os dedinhos, com o planetário todo invertido a espera do segundo sol. Tem você, que é outro universo, de outra natureza, que pode ate ser similar, mas difere. Você que é lindo demais, e tem esses olhos de felino, acho inclusive que a sua metáfora é da floresta, do caçador, da sedução... Você, a quem dedico esse texto maluco, esta em contato com esse meu mundinho diferente e um tanto curioso.

Eu posso dizer que você está sendo um ótimo explorador, respeitando quando não entende. Cuidando quando compreende e dando beijinhos ao acordar. Eu sei que no começo era só verão, meu mar tava translucido como os de arraial do cabo, brisa leve, mata verde. E, agora, nesse contato diário,  da pra perceber que não é só o verão a estação que comanda meus meses. Mas também não é só pesadelo. É os dois, as vezes no mesmo dia. E nesse embrulho todo, eu só rezo pra minha deusa interior, que opera os fenômenos misticos da minha vida, que o meu segundo sol venha, e que você seja um leão, rei da selva, que vença os meus desafios, e que me coma no final - não falei como.

Nesses cinco meses de amor companheiro dia-a-dia, meu barquinho sem direção segue sem medo, de mãos dadas, cuidando das filhas flores. Meu mar em chamas, segue conturbado, mas com a certeza que tem um colinho pra transbordar. O meu amor, sempre tão intenso, segue certeiro no futuro, nesse que nem sei se vai existir, mas que tem que existir, porque eu já decidi que quero compartilhar a minha vida com você. Quero ser a sua caça. Quero ser a feiticeira das suas noites. Quero desaguar na sua costa. Me rolar na sua areia. Construir castelos e ir no mercado nos dias de promoção com você. Jogar conversa fora e tomar uma cervejinha. Te dar muitos beijinhos e fazer juras malucas de amor. Quero te beijar nos lugares mais inusitados, tudo sem pudor. Quero estudar e me desesperar com você. Vibrar pelas nossas vitórias. Ficar com ciumes e reclamar no seu ouvido. Quero te ouvir falar do funcionamento do teu intestino. Fazer o almoço e lanchar na janta. Quero ter filhos, meio caçadores meio tempestade. Quero ter uma geladeira só nossa.

Quero segurar as suas barras e te dar a segurança que tenho hoje com você. Obrigada por dividir a vida comigo. Obrigada por passar as turbulências comigo.
 Eu te amo todos os dias.


[ana carolina~]

segunda-feira, 29 de abril de 2019

A mãe que me guia, o pai que me protege e o meu santo guerreiro: a força que habita em mim.

Tenho pensado nessa escrita desdo dia 23 de Abril. Nesses dias quentes, em que a infelicidade floresce, deixando você na dúvida se é culpa da TPM, da rotina ou algo mais grave e profundo da sua psiquê. Hoje eu cheguei no ponto auge, estourado o termômetro do senso entre sanidade e loucura; rasgando meu peito, fazendo listas mentais de tudo o que não gosto na minha rotina e do quanto as minhas conquistas não são para pessoas como eu: uma possível farsa, que se interessa por tudo, não se aprofunda em nada, fala de tudo não entende nada, ajuda a todos e pensa em se jogar no mar. Mas como a maré sempre muda, daqui a pouco essa minha ressaca passa.

Há um ano atras pensei que estaria tudo diferente, hoje eu tenho que apertar o cinto de segurança, porque o meu voo ta turbulento. Parece que a maré não ta pra brincadeira, perdeu seus cabelos, e ta puxando meu pé; mas "quem vem com tudo não cansa". Só peço ajuda a Deus, Nossa Senhora e São Jorge. Minha mãe Meu pai e aquele que me protege.

Xô, sai pra lá! Se alguém quer me ver cair, pode ate ver, mas vai me ver também me arrastando, porque eu não vou parar. Se alguém quer me ver mal, pode ate ver minhas lágrimas, mas também vai ver eu sorrindo. Eu tenho força para levantar, eu tenho quem me levante, eu tenho tantas coisas, que merecendo ou não, eu consegui... e não vou deixar de seguir meu caminho.

No meu peito, sem a medalha. No meu peito, sem ir em um local algum. No meu peito, agradecendo em casa, em todo meu ser. No meu peito, e na força que reside em mim. Eu tenho um santo guerreiro, que ta comigo nas batalhas, nas alegrias e conquistas da vida.

Eu tenho muito pra chorar, realmente as coisas não estão fáceis. Mas há um ano eu não sabia o que era crescer e ser mulher. Ser mulher é ser forte (por mais que lutemos para não ser) e eu sou, do caralho e da buceta. As águas me chacoalham, mas não me deixam afogar. É temporal, e é clarão. Tudo e todos juntos, no dia ruim, e nos seus momentos bons.

Saravá!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Changes (I'm going through changes)

Crescer é um processo, com temporais de saudade que te encharcam de melancolia. Crescer é dar tragos e tomar pileques, compreendendo o que antes era incompreendido. Crescer é florescer, mas primeiro você perde todas as suas folhas, e faz frio. É um inverno que temos, por designo divino talvez, que passar sozinhos, mesmo em meio a multidões.
Mas eu quero falar da saudade, e faz dez anos que eu a sinto com picos de intensidade.  Estranho fazer coisas que a outra nunca saberá... E tanta coisa mudou, eu tanto mudei e me mudei. Virei meio mundo e fui virada pelos meus próprios passos. Planejo fazer coisas que vão muito além dos sonhos que tinha há 10 anos, mas ao mesmo tempo, eles passaram a ser tão restritos...
Acho que a cor do adulto é marrom, mas me recuso a vestir essa roupa... fico péssima. Talvez um pretinho básico, com dias de roupa pink e cintilante. 
Mas ainda falando da saudade...  sinto falta do contato diário da minha rotina, e de todo o local confortável no qual eu cresci, e me reconheci como parte... é estranho crescer mesmo já sendo crescida. Estranho passar por mudanças e saber que o outro também se transforma. E pensar que em algum dia você pode tocar a campainha... e tudo estar diferente.
Um passo que eu dou e nada mais está no lugar, mas pra qual direção as mudanças caminham? será uma linha contínua ou dialética? Será que eu tenho retrocessos e meio aos avanços?
Eu que sempre gostei de agito, to com medo de ser liquidificada! Não quero cair em redemoinhos, mesmo sabendo que o certo é sair nadando pelo lado... Mas e se a vida realmente for um salto no escuro? Ai, eu me jogo, sou obrigada. Detesto comodismos! 
Crescer me da medo, mudar é difícil. Mas o novo sempre vem. A primavera floresce, e o verão sempre chega: quente, sensual, suado, fadigado e ao mesmo tempo cheio de disposição. Com temporais de saudade, sim, é isso mesmo. Mas as vezes é chuva de verão, trovoa, alaga, da medo, o céu fica cinza, mas  depois o Sol vem. Não podemos desesperar... ate porque no final das contas o que queremos é a marquinha do biquíni e beber uma cerveja gelada.
Eu vou deixa o mar bater, o vento me bagunçar! Vou pra cima, pra batalha (junto aos meus), pras mudanças, pra vida.... mesmo sendo isso tudo, essa confusão, esse jogo de sorte (e nem tanta sorte assim).