quarta-feira, 22 de novembro de 2017

tempo presente

Nesse dia quente, chuvoso e cinza, eu queria ter um boa câmera para fotografar o morro São João. Eu queria poder fotografar o enquadramento perfeito que os meus olhos, com a ajuda dos óculos, fazem diante da vida... as cores fortes da flor do meu quintal, da fiação que corta o céu, das gotas de chuvas remanescentes nas folhas do pinheiro. Queria fotografar a silhueta das montanhas, de como, de forma tão delicada as nuvens se movimentam e se dissolvem; mostrar as paletas de cores que se pintam quando olho para o horizonte. 
Queria registrar o dia de hoje, quando abri a janela do segundo andar, e dei de cara com o dia, com a chuva, com o vento fresco que me tocava, com as pessoas que passavam de bicicleta... eu não as conheço, mas me são ta familiar. Queria registrar minha história no bairro onde cresci,  os olhos que sempre vejo, o sofá que me deito e me deitei para pensar, para sonhar, para ler, para me esquecer.
Ainda, nessa tarde abafada, quando a chuva acabou e o céu ainda não descobriu a sua cor, eu fico me perguntando quando olho da janela, para a avenida, se eu sentirei saudades... e eu sei que sentirei. Mais uma vez eu queria ter uma câmera, de alta definição, para poder registrar o que vejo de segunda a sexta.... talvez não só a paisagem, não to somente o tráfego de veículos, pessoas e bicicletas. Queria fotografar o amor que eu sinto pelas pessoas que fazem parte desse momento e desse lugar. E talvez quando revelasse essa fotografia, o que se veria tons de rosado, alaranjado, avermelhado... como talvez será o entardecer, quando eu abrir a janela, no dia da revolução.