sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Fim de festa.

Cultivar gratidão é um exercício a ser praticado - no final do ano principalmente.
Xingar também. 
Bolsonaro filho da puta!

[ana carolina ~pandêmico 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Resumo da semana

 Ansiedade, lagrimas e corrida. 
Corre de lá, vai pra cá. Segura firme.
Uma partida, várias cachaças. 
Faz amor. Faz sexo. 
Qualquer coisa que não tem nome. Nem sentido.
Voltando as raízes. Sete semanas.
Eu chegarei onde eu tiver que chegar. 
Axé

[ana carolina ~~ pandêmico - o novo normal

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

O mundo das opressões

É difícil traduzir os nossos sentimentos, mesmo que na nossa boca seja doçura. É muito difícil expressar tudo que nos corrói, nem tudo se resolve com letras, faladas. Eu tenho uma série de curiosidades que as pessoas não veem. Alguns já viram, acompanharam, de perto, de dentro. Eu também as olhei fundo, profundamente, sei onde mora a sua dor, o seu pedido de perdão. As garras que marcam no teu corpo, rastro que deixo em seus lenções, o cheiro que fica em seus dedos... você ainda não me conhece, não teria como conhecer, você não conhece a minha morada. 
Não sabe que de tão doce a boca queima. Ela arde. Do meu tesão você desconhece, do meu desejo você se engasgaria e cuspiria. 
É impossível soletrar minhas feridas. na sintaxe elas não se encaixam, não é sujeito, não é objeto. É verbo intransigente, indialogável, inexiste na língua dos homens. Você não sabe dos meus gostos, dos efeitos da lua sobre meu ventre. Você não sabe dos que me antecederam, das marcas que carrego.
Você me toma como se eu fosse água. E eu mato a tua sede. A sua sede somente eu mato. Mas você ainda não me conhece.
 Não posso te dizer quem eu sou porque eu não consigo me pronunciar. Meu buraco é mais embaixo. Minha armadura é forte. Sou uma guerreira. Você não vai me entender.

[ana carolina ~~ pandêmico II - vivendo no caos

quarta-feira, 24 de junho de 2020

"Emoção sempre para derramar"

Saudades daquilo do que eu não gostava, mas sem romantismos, não vivemos tempos românticos, vivemos em tempos de explosão. Da destruição que constrói o novo, das pedras que rolam, que se separam, que choram em grãos de areia.
 O novo sempre vem. Nunca pedindo licença para passar, ele alaga os limites, como o rio nos seus dias de enchente. Arrebenta bordas, limpa avenidas, leva a morro abaixo os galhos e folhas secas.
Tempos de transformação são tempos de reclusão, de observar o avesso, de redescobertas. Ontem caminhando na rua, observei as cores, as folhas verdes no contraste do céu azul. As faixadas das casas, os portões, o cavalo a espiar no final do quintal.
Hoje eu senti o vento no meu rosto, andando com o calor do sol na minha pele. São tempos românticos, de juntar os cacos e se reconstruir sobre uma nova forma, de alinhavar os grandes retalhos antes desconexos. A agulha machuca o tecido e lhe apresenta o seu preenchimento, o seu remédio, a sua nova forma.
O poetinha dizia que o amor só é bom se doer, eu como amante das emoções mais ardentes, acostumada a sentir o salgado das lágrimas, cada vez mais me retorno ao ardor de viver. Ao tesão da descoberta.
Tempos de transformação são tempos de exposição, se colocar na berlinda sem medo. Apresentar-se ao mundo como quando se nasce e recebe as boas vindas. Ontem quando andava pela rua, me observava pelos reflexos das vitrines, das janelas, dos carros. Olhei fixamente nos olhos dos que passavam por mim, escolhi uma cor vermelha.

 O verbo da transformação é conjugado no tempo presente. Nos dias que nos sentimos pequeninas, como os de hoje.

[ana carolina ~ pandemia

domingo, 24 de maio de 2020

Pandêmico

Despertar ainda com sono, olho o relógio, 9h da manha. Fecho os olhos, quero dormir mais 30 minutinhos, ok, faço um checklist das tarefas que quero executar (meus projetos e objetivos). Não existem 30 minutinhos, vou levantar e agitar tudo até poder sentar e me realizar. 
Na sequencia: lavar rosto, vitamina, pão, café, yoga, respira, respira, "o que vamos comer hoje? Não vou pensar nisso agora.", cuida do amor, descasca inhame, cenoura, tempera carne, corre, faz mais exercícios, cuidar do corpo é bom porque é importante (nota mental: pensar mais sobre isso, ok carolina?!) e... já cozinhou os legumes?, tomar banho e almoçar, lavar a louça,  tem pano de prato de molho pra lavar, limpo o fogão, postergo, uso das ervas sagradas, chão ta sujo, passa pano, água sanitária, xô corona,vou fazer xixi vejo mais uma coisa fora do lugar, coloco no lugar, fazer xixi, tem que trocar o saco da lixeira do banheiro, esqueci de colocar o saco na lixeira da pia da cozinha. Senta no sofá... agora vai, olho para as mãos, unha feia tem que pintar (anotações para mais tarde), olho pro celular, já são 16h. Dar atenção amorosa, familiar, chorar de saudades, ler as noticias, vai ter golpe? Quero matar, quero morrer, reviso mentalmente se tenho alguma tarefa da militância para fazer, falta tesão, sobra ódio. Sento no computador, já são quase 17h, estou com fome, como frutinhas que mozão descascou, tem que pensar no que jantar, não sobrou do almoço. Foda-se, vou comer pizza.
Estou cansada. Minha mãe fala temos que ser fortes, porque mulher é forte. O feminismo marxista me falou que as mulheres operam na reprodução do trabalho, e que a nossa luta não é apenas dividir tarefas mas socializa-las. 
Eu digo que estou de saco cheio. Vou escrever. 

Vai tomar no cu sociedade patriarcal sexista do caralho!

[ana carolina ~~ "teoria e pratica" e quarentena

domingo, 17 de maio de 2020

No dia em que eu surtei.

Abri meus meus olhos.
Quando será liberado os abraços?

[ana carolina ~~ tempos e quarentena]


"Mas o tempo é como um rio, que caminha para o mar. Passa, como um passarinho. Passa o vento e o desespero, passa como a agonia. Passa a noite, passa o dia, mesmo o dia derradeiro" (o tempo e o rio)




sábado, 4 de abril de 2020

Revisitando o passado.

Comunicações rasas, resumidas em um comentário em uma rede social. Ninguém quer mergulhar em outro ser, e isso não é uma crítica, são tempos de nados submersos para dentro de si. As águas estão turvas, as ondas violentas, a maré não está pro pescador. Nenhum deles. Hoje o dia é o da caça, enfim chegou, os peixes seres que nos confrontam mesmo já mortos... nos olham com seus olhos de agonia. 
Se entrarmos na água, ou no instagram, vamos nos afogar. O mar não tem cabelos, e te surpreende. Nas suas profundezas, sem ar, se confrontará com seus medos e desejos.

Encontrei dentro de mim lembranças em formas de conchas. Para chegar na superfície, como tantas outras vezes, tive que, antes, curar meus machucados com o amor que me transborda. Descansando na areia, deitada, ao me ver refletida na lua, pergunto "onde eu estou, onde eu me perdi, quando não me achei". 

Nesses dias auto maternais tento responder as perguntas sem ser rígida demais na correção das respostas. Nesses dias masoquistas só procuro buscar o tesão. Na distopia do presente eu revisito o passado: nos sonhos, nas músicas, nas lembranças e nas fotos da memória sobre mim.

Aceitar que alguns laços são eternos. Outros maternos. Alguns incertos. 
Não sei. O melhor é esperar a lua virar e a maré baixar. 


[ana carolina ~~~~

Presságio

O pesadelo que se chama vida.  

Nossos sonhos são ceifados na medida que crescemos, que colocamos a capa do adulto, escura como a da dona da morte.  
_ é a conjuntura!! _ nossa racionalidade nos diz, te dando a mão para não cair no abismo.  
Mas sentada nesse sofá , eu não sei o que a responder. sei que está certa, mas também sei que estou em um labirinto, sem respostas, sem saídas.  
Só perguntas.  
_ não se cobre tanta, releve! _ diz meu amor próprio se perdendo entre a multidão .... 
Errada não está, eu sei, mas o som das suas palavras na minha cabeça fica cada vez mais longe. Só escuto bem o que aqueles, que não vou nem dizer o nome, falam pra mim:  
Você não gosta de ninguém. Você é uma pessoa difícil. Você , você , você  

Seguimos! Seguirei. 

[ana carolina ~~~01/03/2020

10 de Janeiro

Cada dia que passa eu fico mais emotiva. Uns dias atrás, um cartomante me alertou que o fim é necessário para que o novo venha. Eu gosto de finais e começos, sínteses e novas proposições. Mas sei que doí, como um espinho que entra no teu pé, e que se não tira inflama, e  a dor se espalha e toma o corpo. Saber deixar ir ... saber voar e deixar voar.  
Esse cartomante, nesse dia ( que foi de conclusão), também me alertou sobre o controle, da vida e de mim... O autocontrole inútil que queremos ter dos caminhos, seus e dos outros, como se tudo fosse matemática, planilha de uma empresa. A minha empresa, nessa analogia capitalista e pertinente nos dias sempre atuais ( desde o século xvii) estava em crise estrutural. Ano passado não foi fácil, nem pro Brasil nem pra mim, pobre jovem trabalhadora.  
Esse ano a rainha do mar já me abençoou . E eu sem empresa voltei a sonhar, ainda um pouco pragmática, afinal, nessas chegadas e partidas, eu já quase completo mais um ano,me aproximando de mais uma virada de década.  
Em outro dia, antes da virada pra década de 20, eu herdeira das sufragistas e do povo de reis e rainhas de guerra, fui interpelada por mais um aviso: a palavra tem poder. Me lembrei dos ensinamentos de toda uma vida, plantar o bem para colher o melhor. Manter-se em movimento como luz, junto aqueles que me protegem. Crente e espirituosa, já reneguei o mundo mas hoje sou confrontada na minha intimidade: quem é você ?  
E eu me pergunto quem eu sou? Não sei. Só sei que tenho orgulho de mim, de onde e como cheguei, dos caminhos que percorri entre o alvo e a seta.  
Nessas sínteses adoráveis eu me reencontro, em um patamar diferente de anos atrás, agradecida. Pelos pedidos professados pela minha boca, pelos retornos concedidos, pelos amores desejados e pelas desilusões. Nessas partidas , que já foram chegadas, eu deixo ir. Deixo retirar a planta pro solo descansar. Uma hora vai germinar . 

Ana Carolina 
09/01/2020

sábado, 4 de janeiro de 2020

Feeling Good

A registro
1. Começo essa escrita, levemente avoada, pelas penas (da tuca e bertie), pela sagrada natureza e pela cerveja gelada  que me acompanha nesse sábado quente, que eu, meio acompanhada, meio sozinha e completamente amada me encontro.
2 .Começando esse ano, vinte vinte, sem a tradicional agenda, aquela que compro sempre desda minha iniciação consciente a luta dos trabalhadores pela libertação e construção de uma nova sociabilidade.

A síntese.
Esse ano, de forma nova -ou nem tanto- o inicio, arrastando pela areia da praia o antigo ano, que consigo carrega todos os outros passados a partir de 1992. O ano que tudo aconteceu, eu nasci, de olhos atentos a vida e as suas invenções: quero aprender, quero ler, quero saber. Com uma lupa observo o mundo, e ele me observa, de modo invertido quanto a intensidade dos detalhes; para ele eu sou só mais uma, enquanto que pra mim ele é tudo, ele é tanto, quero te-lo. Como eu te quero, sim a você que me lê. Foder-te.
Nesse 2020 eu quero ter, possuir (a ti), quero. Ano passado, quando não morri (mas quase), foram várias lutas, minhas. Os lutadores se resumiam a mim, que em um contexto de extremas mudanças e saudades, me levaram a batalha final: a libertadores da emoção. Ansiedade vs Não ansiedade, mas não menos loucura. Para vencer a batalha, me conhecer foi importante. O processo do amor como cura também. Amar e deixar alguém te amar. Amar para saber dizer nãoa que você merece! Amar para saber quais os papéis sociais lhe cabem e dizer basta a misoginia e o racismo que impregna as relações sociais. Amar para redescobrir os amores e cuidar das dores. Amar -se.

A oração
Quero te foder amando, Gabriel. Agradeço a você, que por quase doze meses me deixa nervosa, me faz passar raiva, me faz. Quero seguir a minha vida como sonhei. Sem luxos, sem pobrezas. Quero estudar, como quem come com fome. Quero cuidar-me, redescobrir-me. Quero junto aos meus ter força e coragem para a seguir em frente. Com minha mamãe e minha família, velha, nova, agregada, escolhida.

Seguimos.

carola, 04/01