Pensar na pessoa que se
ama é como querer ficar a beira d’água esperando que o riacho, alguma hora,
esbarre de correr. (Eu que não sei quase nada do mar. Maria Bethânia)
Eu sei que a esta hora, a
exatamente meia-noite e vinte e oito minutos, do dia onze de junho, eu deveria
estudar, ou dormir. Amanha eu trabalho, e vou ficar bem mal, cheia de sono… e
ainda vou querer te ver, e talvez ir dormir com você. Mas to aqui, tocada com a
vida e os sentimentos, estou aqui nesse teclado horrível que ainda não me
acostumei, ouvindo Maria Bethânia.
Acho que essa primeira parte eu deveria cortar desse escrito. Afinal, esse escrito deveria ser uma das mil declarações em forma de texto que eu dedico a você. E não fica bonito toda essa minha ladainha, ate porque eu não sou nenhuma Clarice Lispector, ou Machado de Assis, ou Vinícius de Morais, pra ficar nessa de papo furado, de conversa do autor, ou da personagem, com a própria história. Mas sei la, talvez eu seja um pouco eles, ou influenciada por eles… nos meus sentimentos profundos, melosos e intensos. Acho mesmo que eu queria era fazer literatura e escrever livros e poemas de amor.
Eu gosto de mudanças,
transformações, coisas saltitantes, coloridas e felizes, você sabe, né? Acho
que dos meus encontros da vida, você é quem mais me entende, ou mais me
conhece, ou mais me completa. Nossa conexão é diferente, ou pode ser igual,
igual a tudo que os livros e canções chamam de amor. Será que amar é isso? Essa
coisa tão indescritível que te deixa meio idiota e ao mesmo tempo tão seguro. E
inseguro, mas tranquilo.
Eu sei que falo muitas
coisas, mas as vezes eu não sei o que dizer. Não sou tão corajosa quanto pareço
ser, acho que metade é blefe, e a outra é a necessidade de seguir em frente.
Mas já me livrei de alguns fardos, como o de querer dar respostas as coisas, ou
achar que posso mudar tudo, ate as coisas que não dependem de mim. Isso é
maturidade, tenho pensado. Mas também é um pouco de agonia. Ainda sou bastante
ansiosa, e as vezes tenho certeza que eu deveria cuidar disso. Eu já te contei
de uma época difícil, de muita ansiedade e pânico. E também já te contei o
quanto de medo eu tenho de que esses momentos voltem. Eu sou uma covarde na
verdade, não consigo enfrentar algumas coisas, ou pedir ajuda. Mas metade é
necessidade de seguir em frente e a outra metade é blefe. E com isso me sinto
um pouco foda! Seguir em frente também é coragem, acabei de entender isso. Sim,
porque não seria?
Escrever tudo isso me fez
chorar. Mas não era essa a intenção, e nem te comover. A intenção era de fazer
um belo texto do dia dos namorados. Daqueles bem elaborados, e assim sim,
dignos de lágrimas. Mas eu não importo de você saber que eu choro, nem de fazer
desse texto um grande desabafo. Nosso toque, no abraço, revela muito mais do
que essas letras nesse fundo branco da página do LibreOffice. Ou uma noite no
motel.
Você é um encontro, de
almas, daqueles que eu achava que não mereceria encontrar. Eu que tão nova já
sofrida, tão nova já causando sofrimento. Eu que tão inexperiente ganhei
experiência, Eu tão sem querer fui ganhando ate o que não queria. E nessa roda
da vida, nessas idas e vindas, encontrando pessoas que fazem conhecer outras
pessoas, em espaços novos com novos rostos. Hoje estou aqui. E lembro a
primeira vez que te vi, e como nunca imaginei. Mas te vi, reparei seu sorriso.
Também lembro quando eu não acreditei que você tava me querendo, de como achei
estranho você me paquerando no olhar, no Pier 2000, eu suja de neon e dor de
ouvido. E também me lembro de como eu me interessei por você e nunca mais quis largar.
O ultimo paragrafo me reservo. Não parece, mas gosto de intimidade.
[ana carolina ~~]