domingo, 24 de maio de 2020

Pandêmico

Despertar ainda com sono, olho o relógio, 9h da manha. Fecho os olhos, quero dormir mais 30 minutinhos, ok, faço um checklist das tarefas que quero executar (meus projetos e objetivos). Não existem 30 minutinhos, vou levantar e agitar tudo até poder sentar e me realizar. 
Na sequencia: lavar rosto, vitamina, pão, café, yoga, respira, respira, "o que vamos comer hoje? Não vou pensar nisso agora.", cuida do amor, descasca inhame, cenoura, tempera carne, corre, faz mais exercícios, cuidar do corpo é bom porque é importante (nota mental: pensar mais sobre isso, ok carolina?!) e... já cozinhou os legumes?, tomar banho e almoçar, lavar a louça,  tem pano de prato de molho pra lavar, limpo o fogão, postergo, uso das ervas sagradas, chão ta sujo, passa pano, água sanitária, xô corona,vou fazer xixi vejo mais uma coisa fora do lugar, coloco no lugar, fazer xixi, tem que trocar o saco da lixeira do banheiro, esqueci de colocar o saco na lixeira da pia da cozinha. Senta no sofá... agora vai, olho para as mãos, unha feia tem que pintar (anotações para mais tarde), olho pro celular, já são 16h. Dar atenção amorosa, familiar, chorar de saudades, ler as noticias, vai ter golpe? Quero matar, quero morrer, reviso mentalmente se tenho alguma tarefa da militância para fazer, falta tesão, sobra ódio. Sento no computador, já são quase 17h, estou com fome, como frutinhas que mozão descascou, tem que pensar no que jantar, não sobrou do almoço. Foda-se, vou comer pizza.
Estou cansada. Minha mãe fala temos que ser fortes, porque mulher é forte. O feminismo marxista me falou que as mulheres operam na reprodução do trabalho, e que a nossa luta não é apenas dividir tarefas mas socializa-las. 
Eu digo que estou de saco cheio. Vou escrever. 

Vai tomar no cu sociedade patriarcal sexista do caralho!

[ana carolina ~~ "teoria e pratica" e quarentena

domingo, 17 de maio de 2020

No dia em que eu surtei.

Abri meus meus olhos.
Quando será liberado os abraços?

[ana carolina ~~ tempos e quarentena]


"Mas o tempo é como um rio, que caminha para o mar. Passa, como um passarinho. Passa o vento e o desespero, passa como a agonia. Passa a noite, passa o dia, mesmo o dia derradeiro" (o tempo e o rio)