sábado, 4 de abril de 2020

Revisitando o passado.

Comunicações rasas, resumidas em um comentário em uma rede social. Ninguém quer mergulhar em outro ser, e isso não é uma crítica, são tempos de nados submersos para dentro de si. As águas estão turvas, as ondas violentas, a maré não está pro pescador. Nenhum deles. Hoje o dia é o da caça, enfim chegou, os peixes seres que nos confrontam mesmo já mortos... nos olham com seus olhos de agonia. 
Se entrarmos na água, ou no instagram, vamos nos afogar. O mar não tem cabelos, e te surpreende. Nas suas profundezas, sem ar, se confrontará com seus medos e desejos.

Encontrei dentro de mim lembranças em formas de conchas. Para chegar na superfície, como tantas outras vezes, tive que, antes, curar meus machucados com o amor que me transborda. Descansando na areia, deitada, ao me ver refletida na lua, pergunto "onde eu estou, onde eu me perdi, quando não me achei". 

Nesses dias auto maternais tento responder as perguntas sem ser rígida demais na correção das respostas. Nesses dias masoquistas só procuro buscar o tesão. Na distopia do presente eu revisito o passado: nos sonhos, nas músicas, nas lembranças e nas fotos da memória sobre mim.

Aceitar que alguns laços são eternos. Outros maternos. Alguns incertos. 
Não sei. O melhor é esperar a lua virar e a maré baixar. 


[ana carolina ~~~~

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