sábado, 4 de abril de 2020

10 de Janeiro

Cada dia que passa eu fico mais emotiva. Uns dias atrás, um cartomante me alertou que o fim é necessário para que o novo venha. Eu gosto de finais e começos, sínteses e novas proposições. Mas sei que doí, como um espinho que entra no teu pé, e que se não tira inflama, e  a dor se espalha e toma o corpo. Saber deixar ir ... saber voar e deixar voar.  
Esse cartomante, nesse dia ( que foi de conclusão), também me alertou sobre o controle, da vida e de mim... O autocontrole inútil que queremos ter dos caminhos, seus e dos outros, como se tudo fosse matemática, planilha de uma empresa. A minha empresa, nessa analogia capitalista e pertinente nos dias sempre atuais ( desde o século xvii) estava em crise estrutural. Ano passado não foi fácil, nem pro Brasil nem pra mim, pobre jovem trabalhadora.  
Esse ano a rainha do mar já me abençoou . E eu sem empresa voltei a sonhar, ainda um pouco pragmática, afinal, nessas chegadas e partidas, eu já quase completo mais um ano,me aproximando de mais uma virada de década.  
Em outro dia, antes da virada pra década de 20, eu herdeira das sufragistas e do povo de reis e rainhas de guerra, fui interpelada por mais um aviso: a palavra tem poder. Me lembrei dos ensinamentos de toda uma vida, plantar o bem para colher o melhor. Manter-se em movimento como luz, junto aqueles que me protegem. Crente e espirituosa, já reneguei o mundo mas hoje sou confrontada na minha intimidade: quem é você ?  
E eu me pergunto quem eu sou? Não sei. Só sei que tenho orgulho de mim, de onde e como cheguei, dos caminhos que percorri entre o alvo e a seta.  
Nessas sínteses adoráveis eu me reencontro, em um patamar diferente de anos atrás, agradecida. Pelos pedidos professados pela minha boca, pelos retornos concedidos, pelos amores desejados e pelas desilusões. Nessas partidas , que já foram chegadas, eu deixo ir. Deixo retirar a planta pro solo descansar. Uma hora vai germinar . 

Ana Carolina 
09/01/2020

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